Como ajudar um dependente químico que recaiu?

Como ajudar um dependente químico que recaiu

Para alguém que compartilha além de um comportamento adictivo, a dependência química, conseguir visualizar a necessidade de ajuda para trazer de volta uma vida saudável não é algo simples.

Não é fácil para a pessoa que sofre da dependência química e da doença da adicção conseguir transformar sua vida sozinha. Não é a toa que a expressão “sozinho(a) eu não consigo” tem grande relevância em grupos de apoio e clínicas de recuperação. Pois o tratamento da doença por si, envolve muitas outras questões além de tratar somente a doença. O procedimento envolve lugares, pessoas, hábitos além de família e comportamentos.

Quando se está em recuperação, velhos hábitos e a maneira de se comportar começam a se transformar. Não é fácil reprogramar o seu cérebro novamente para conseguir se adaptar à um maravilhoso mundo novo limpo. Vários pensamentos e sentimentos têm de ser supridos para não gerar atitudes que entram no processo de recaída comportamental e por fim a recaída na substância de escolha. Mas recaídas fazem parte do processo de recuperação, e é aí que o dependente químico começa a entender como dominar os famosos “evites”. Mas enfim, vamos ao que interessa.

Como ajudar um dependente químico que recaiu?

Essa pergunta até pode parecer fácil, mas não é. Vou tomar como exemplo a minha vida pessoal e minha experiência no processo de recaída. Para poder ajudar uma pessoa que sofre da dependência química têm de se olhar o processo de recaída dela no geral.

O comportamento adictivo é o mesmo, mas a equação da recaída envolve diversas variáveis incluindo a quantidade de recaídas anteriores à essa. Pois cada processo é único e as variáveis também se alteram demasiadamente.

Mas enfim, o que tudo isso tem haver em como ajudar um dependente químico que recaiu?

A resposta é tudo! Se você é familiar, tem que entender por mais que a doença não seja sua, você também esta incluso no pacote, você também atua tanto na recuperação quanto no agravamento do quadro.

Você é coodependente e influencia demais em como o dependente químico criou gatilhos e os sentimentos gerados. Você tem que avaliar se têm de ser mais duro ou mais brando. Se tem que abraçar mais ou soltar mais, tudo depende da quantidade de tombos que essa pessoa já teve e como consequência, o quanto afetou a relação de vocês, quanto vocês já perderam, e o quanto já sofreram?

A memória eufórica do dependente químico está aliada as situações que ele criou ou vai criar. É um ciclo e tudo nele se repete. Seja nos dias, nos meses, nos anos, e nas atitudes perante à si e aos outros envolvidos.

Se não souber como resolver e se perguntar – “meu Deus, o que eu fiz de errado?” Parabéns, você é uma pessoa normal. Não é fácil tratar esse tipo de doença.

Você não é o super-homem ou super-heroína da sua família. Todas as famílias tem problemas e muitas pessoas estão envolvidas no processo de solucionar esse problema, ainda mais tentar ajudar uma pessoa que sequer sabe se realmente quer ajuda.

Para finalizar, procurar ajuda psicológica e psiquiátrica é o principal agora. Ambos tem que se respaldar emocionalmente para não se criarem uma relação maior ainda de coodependência. Isso em estágio inicial, se o dependente está com um uso rotineiro mas ainda em casa.

As vezes mesmo nesse uso, é necessário uma conscientização do processo de internação (meu caso). Pois como citado em outro artigo, (clique aqui), estar em abstenção auxilia no processo de aderir ao tratamento.

Quando o adicto está em uso frenético e descontrolado (vendendo coisas de casa ou na rua) na maioria das vezes feito o processo de internação, seja ela voluntária ou não. Pode doer muito para todas as partes, mas é o necessário. A família as vezes se culpa, mas ao mesmo tempo está exercendo um papel importantíssimo na recuperação, cessando o processo de uso.

Se você é amigo, ou conhecido da pessoa, faça uma intervenção. Converse com o a pessoa que sofre da adicção, escutar é um processo maravilhoso. Tudo o que ela sente, as vezes isso, faz até com que ela não procure entrar no processo de recaída naquele dia. Mas ao mesmo tempo você não pode carregar esse fardo sozinho. Tente conscientizar a pessoa dos programas de apoio para ela e sua família. Ajude-a a entender que realmente “ela não está sozinha” e que você pode auxiliar no processo da recuperação. Mas conscientize a família de que aquele ente querido está sofrendo e não sabe como se ajudar.

Tudo que expliquei nesse texto, foi embasado na minha vivência, em meus tombos e na maneira que lidei no relacionamento do Renan adicto com o mundo, pessoas e entes queridos.

“Nunca é tarde para se tratar e nunca é tarde para se viver!”

Renan Rugolo Ré
Tags :
Clínicas de Recuperação

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